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Capítulo 5: V

Página 58
Eles têm mais direito de nos desprezar do que nós a eles.

- Desprezar-nos! - repetiu, indignado, Maurício.

- Sim, sim; desprezar-nos! E senão repara. A nossa casa deve muito. Grande parte dos nossos bens estão hipotecados. O nome da nossa família não é já segura garantia nos contratos, e os empréstimos, que todos os dias os nossos procuradores contraem, são obtidos por um preço que em pouco tempo nos levará à miséria. Na aldeia todos sabem isto. Não queres pois que nos desprezem, ao verem-nos, rapazes de vinte anos, robustos, e com energia e inteligência, gastar ociosamente a vida e a juventude em passeios e em caçadas, olhando por cima do ombro para esses homens que talvez amanhã, autorizados por a lei, nos virão pôr fora das nossas casas e tomar posse delas? É acaso nobre este nosso proceder, Maurício? Esta cegueira com que vamos na corrente que nos arrasta ao precipício não merece pelo menos um sorriso de compaixão?

- Tu exageras, Jorge. Acaso teremos já chegado a tais extremos, que...

- Nem tu imaginas a que extremos temos chegado; mas ainda nos poderemos salvar se quisermos ser homens.

- E como?

- Mudando de vida, aplicando-nos deveras à restauração desta casa.

- Mas...

- Daqui a pouco tenciono procurar o pai e falar-lhe desenganadamente, pedir-lhe que me deixe olhar por mim próprio para a administração das nossas propriedades, que nas mãos de frei Januário caminham a uma perda certa.

- Mas que entendes tu de administração?

- Aprenderei. O interesse é um grande mestre. Não tiveram outro esses rústicos proprietários que por aí vemos enriquecer.

Maurício ficou pensativo.

A ideia do irmão parecia havê-lo ferido profundamente. Estava-lhe achando um sabor de poesia que lhe agradava. Porque Maurício, não tendo o carácter meditativo e o espírito analítico de Jorge, era nas coisas da vida guiado mais pela imaginação do que pela razão.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 58

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515