Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: XVI

Página 208

- Ah! O Jorge falou-te nisso?

- Há dias. Pelos modos o Tomé queixou-se-lhe...

- Ai, o Tomé queixou-se ao Jorge? Sim, senhor, tem graça. Que te parece, ó Lourenço?

- É bem bom! E então o Jorge deu-te conselhos, hem?

- Sim, disse-me alguma coisa; que era preciso cautela, que não era prudente o meu proceder...

- Ah!

- E quase me fez prometer que desistiria.

- Ah! fez-te prometer isso?

- Quase...

Os dois não podiam suster o riso.

- É impagável aquele Jorge! - repetia de quando em quando o padre.

- Vocês bem sabem o génio dele.

- Ai sabemos. Pois nós bem sabemos... o génio dele. Ah! Ah!...

E os risos redobravam.

Mas a noite chegara enfim e encerraram-se cada vez mais as sombras sobre os caminhos do campo. Maurício pôde finalmente acompanhar os primos ao lugar da espia.

Dirigiram-se ali por sítios menos frequentados, e sem soltarem uma palavra.

Maurício, a seu pesar, sentia-se dominado por uma comoção profunda. Não era só despeito, era já uma nascente de repugnância pelo acto que praticava. Envergonhava-se daquele furtivo mister de espião.

Chegados ao local, o padre escolheu a posição de maneira que pudessem ver sem serem vistos.

Por muito tempo nada descobriram; nem ouviram mais algum som além do melancólico gemer dos sapos, a distância.

Maurício, entre impaciente e satisfeito pelo resultado nulo da espionagem, principiava a dirigir aos primos alguns ditos epigramáticos, quando a mão do doutor lhe tapou a boca, ao mesmo tempo que o padre se voltava para lhe recomendar silêncio.

Efectivamente, encostado ao muro da Herdade, caminhava um homem, que a sombra da noite não deixava conhecer.

Chegando à porta, que devia estar apenas cerrada, empurrou-a e fechou-a de novo sem fazer ruído.

<< Página Anterior

pág. 208 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 208

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515