Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 16: XVI Pág. 209 / 519

Maurício quis correr atrás daquele homem. Retiveram-no os primos.

- Espera, pateta! Deixa-o sair, que eu te prometo que havemos de conhecê-lo.

- Que diabo queres tu fazer, maluco? Não vês que espantas a caça?

- Hei-de ver quem ele é!

- Pois sim, mas para isso é preciso prudência.

- A porta ficou aberta. Eu vou...

- Vais aonde? Ora tem juízo. À saída pilhamo-lo.

Maurício, porém, insistiu e os primos condescenderam em passar um cauteloso exame à entrada por onde o vulto desaparecera.

Reprimindo a custo os ímpetos de Maurício, o padre dirigiu a exploração, e mui de mansinho entreabriu a porta e entraram no pátio da casa; perto ficava a escada por onde se subia para as salas.

Maurício ia a transpô-la, mas os primos impediram-no. Daqui originou-se uma pequena altercação, que, ainda que em voz baixa, foi percebida pelos cães, que latiram furiosos.

De uma das janelas da casa partiu uma voz, perguntando:

- Quem está aí?

Era a voz de Berta.

Maurício ia a responder-lhe, cheio de indignação, mas o padre tapou-lhe a boca e obrigou-o a retirar-se.

Esta retirada foi feita com tal perícia que não excitou mais atenção da gente da casa.

Tudo recaiu em sossego.

A presença de Berta foi para Maurício a confirmação das suspeitas dos primos. Por isso mais excitado e impaciente do que até ali, aguardava a saída do misterioso incógnito.

O padre colocou-se em sítio apropriado para poder tolher a passagem ao visitador nocturno.

Perto de hora e meia aguardaram os três. Afinal ouviu-se ruído na porta, e depois de algumas palavras ditas para dentro a meia voz, o homem espiado saiu.

Ouviu-se atrás dele correr a chave na fechadura, cautelosamente.

A vinte passos, pouco mais ou menos, de distância da casa de Tomé, o personagem que tanta curiosidade excitava viu o vulto de três homens imóveis que lhe estorvavam a passagem.





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