Gabriela tinha certo dom para conhecer quando convinha lutar e quando era preferível ceder. Desta vez percebeu que o ânimo de D. Luís não estava para acalmar de pronto. 
Saiu sem aventurar mais uma palavra a tal respeito e foi ordenar os preparativos da partida. 
Ao passar na sala onde ainda estavam Jorge e Maurício, apenas lhes disse: 
- Trata-se de partir. 
- Para onde? 
- Para a minha casa, nos Bacelos. 
- E meu pai? 
- Tudo parte. É uma emigração completa. 
- E a Casa Mourisca?... 
- Fechada, ao que parece, até... acabar o interdito. 
- Mas isso não pode ser! 
- Mas é, e eu vou dar ordens precisas para a mudança. 
- E eu vou falar com meu pai - exclamou Jorge, erguendo-se. 
A baronesa reteve-o. 
- Não vás. É inútil e perigoso. Deixa que os factos sucedam naturalmente. Eu já estou convencida de que esse é o melhor expediente. É preciso que teu pai desafogue a paixão que tem lá dentro. Entende que deve sair daqui, deixemo-lo sair. Estas exterioridades acalmam-no. Depois lhe aparecerás. 
- Então agora recusa ver-me? 
- Recusa. O que não tira que possas estar muito à tua vontade na minha casa dos Bacelos. Há lá um pavilhão na quinta, ao talhar para um refugiado como tu. 
Passados poucos minutos, os moradores da Casa Mourisca punham-se em movimento para a Quinta dos Bacelos. 
Os preparativos não ocuparam muito tempo, porque o fidalgo mandara apenas levar o que fosse estritamente necessário. 
A baronesa veio despedir-se do tio, que insistiu em querer ser o último a sair de casa. 
Jorge e Maurício partiram em companhia de Gabriela. 
O fidalgo ficou só com frei Januário, que continuava a protestar por todas as formas contra a resolução da mudança de quartel a horas impróprias. 
D. Luís nem lhe respondia.