Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 20: XX Pág. 272 / 519

Depois Jorge subiu lentamente as escadas que conduziam à sala onde estava Berta. Ao vê-lo subir o primeiro degrau, ela tentou retirar-se; mas susteve-a uma inexplicável hesitação e, quando Jorge abriu a porta, ainda a encontrou na sala.

O olhar de Jorge desviou-se de Berta, como se contrariado com a sua presença.

- Vim talvez importuná-la? Perdoe. Ignorava que a acharia aqui - disse Jorge com aparente placidez.

Berta não estava menos constrangida ao responder-lhe:

- Importunar-me? De maneira alguma... Eu é que sinto que meu pai não esteja em casa, que é decerto quem o Sr. Jorge procurava.

- Ah! seu pai não está em casa?

- Não; saiu agora mesmo.

Berta não ousou dizer para onde.

O nome da Casa Mourisca recordaria a cena do jantar, e Berta tremia de recordá-la diante de Jorge.

Este caminhou para a janela, distraidamente. E, passeando a vista por os campos, perguntou, sem ainda olhar para Berta:

- Não sabe se o pai tardará muito?

- Eu... julgo que sim... Mas talvez minha mãe o possa informar melhor.

A propósito chegava Luísa para dar informações precisas e para fazer cessar o constrangimento daquele diálogo, cuja prolongação seria um martírio para ambos.

- Ah! Sr. Jorge, Sr. Jorge, - exclamou Luísa logo que o viu - ainda bem que veio, e pena é que não viesse meia hora mais cedo.

- Então era cá tão necessária a minha presença?

- Ora se era! Eu ponho as mãos numas horas se, estando cá o Sr. Jorge, se metia aquela cisma na cabeça do meu Tomé.

- Que cisma é essa de que fala?

- Pois então não sabe para o que havia de dar àquele homem de Cristo?

- Não sei, não.

- Ó Berta, então tu não disseste ao Sr. Jorge para onde teu pai foi?

- Eu... eu ignorava...

- Ora adeus! Se eu não tenho falado de outra coisa desde que saiu! Ignorava! Vocês sempre têm coisas! Pois o meu Tomé está a estas horas na Casa Mourisca.





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