Ana do Vedor sentiu que lhe vibrava a corda da sensibilidade no coração, ao escutar aquelas palavras sérias e tristes que lhe diria Jorge.
- Vai-te daí! - exclamou ela, disfarçando a sua comoção. - Quem fala aqui de ofensas? Então acreditas que tudo isto que eu disse foi a sério? Era o que me faltava! Sim, que eu não te conheço, sim, que eu não te trouxe nestes braços e te fiz saltar no meu colo e te vi brincar com os mais rapazes e sempre com mais juízo do que eles todos? Pateta de rapaz, que me não entendeu! O que me faz enraivar é o ver-te assim consumido por uma coisa destas. Logo te deu o diacho também para gostares da filha do Tomé, quando não faltavam raparigas que boa conta te fizessem. Que ela é boa pequena e poucas dessa fidalgaria que por aí há merecem servir-lhe de criada, mas enfim... é filha do Tomé, e teu pai era capaz de estoirar-se... Mas adeus, minha vida, o tempo dele já passou e tu é que não hás-de definhar-te e entisicar só para fazer-lhe a vontade.