Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 37: XXXVII Pág. 499 / 519

XXXVII

Maurício veio ao encontro da baronesa assim que esta saiu do quarto de D. Luís.

- Como deixaste meu pai? - perguntou ele.

- Mal e bem.

- Que queres dizer com isso?

- Mal, porque me inquieta o abatimento em que o vejo. Naquela idade!... Bem, porque o acho em excelentes disposições de se lhe aplicar um remédio heróico.

- Qual?

- Queres principiar hoje a tua carreira diplomática?

- De que maneira?

- Vais já daqui a casa do Tomé da Póvoa.

- Sim, e depois?

- É uma visita que lhe deves, visto que não te lembraste de lhe dar parte do nosso casamento.

- É verdade que não.

- Vai pois visitar Tomé. Repara que nem sequer me lembro de ter ciúmes de Berta.

- É uma prova de confiança, que te mereço.

- Sim? Mereces? Diz-te isso a consciência? Bom será. Vamos adiante. Em casa de Tomé contas qual o estado do teu pai. Fazes sentir a necessidade de que Berta volte para aqui, ou para o reanimar, do que só ela é capaz neste mundo, ou pelo menos para suavizar-lhe os últimos momentos e despedir-se dele. É provável que encontres objecções em Tomé, mas insiste; diz que teu pai se mostra magoado com a ausência de Berta, e que é um pecado imperdoável prolongar-lhe essa dor tão fácil de remediar. Finalmente não voltes sem ter resolvido Berta a vir hoje mesmo para aqui.

- E quais são os teus projectos?

- Ora quais hão-de ser? São casar Berta com Jorge. Está claro.

- Hás-de encontrar dificuldades.

- Já me pareceram maiores. O padre fez-nos, sem querer, um grande serviço. Meteu-se a advogar com tanto calor a aristocracia, que por pouco fazia de teu pai um democrata.

- Deveras?

- É verdade. Agora quatro carícias de Berta devem consumar a vitória. Vocês os homens levam-se por isso.

- Parece-te?

- Veremos se me engano.





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