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Capítulo 5: V

Página 59
Se uma causa o seduzia, adoptava-a, sem a julgar. Igualmente a rejeitaria se à primeira intuição lhe desagradasse. Era tão fácil de se entusiasmar por o que ao princípio repelira, que não se podia ter muita confiança naquele ardor. Lavrava muito depressa a labareda para ser de longa duração.

Assim aconteceu desta vez, pois, voltando-se para Jorge, disse-lhe com uma impetuosidade juvenil:

- Dizes bem, Jorge. O nosso dever manda-nos acabar com esta vida de ócio e de inutilidade. É assim. É preciso que sejamos homens. Temos uma missão a cumprir, generosa e nobre. Trabalhemos. O trabalho traz consigo a recompensa e os gozos. Decerto deve sentir-se orgulhosa e satisfeita a alma que trabalha, porque vê que cumpre um dever. O que se nos afigura fadiga é prazer. Pois não te parece que um escritor, por exemplo, deve ser feliz nas horas de composição? E que o artista curvado sobre os instrumentos do seu ofício, e o lavrador vergado no campo, nem sequer sentem o suor que lhes corre da fronte? Tens razão, trabalhemos, a poesia visitar-nos-á nas nossas horas de labor, e não nos deixará sentir saudades dos perdidos ócios de fidalgo.

Jorge escutava o irmão com um sorriso triste e inocentemente malicioso, e comentava com um movimento de cabeça uma e outras destas estrofes em honra do trabalho. Quando Maurício concluiu, ele ponderou-lhe com a sua habitual serenidade:

- Valha-te Deus, Maurício, que estás tu aí a dizer? Não sonhes nem adoptes uma resolução séria, como a de que falo, sob o domínio dessas ilusões. Vê as coisas como elas são. O trabalho é nobre por certo, mas a poesia dele nem sempre a percebe quem muito de perto lhe conhece as fadigas. Não vás seduzido para a carreira do trabalho, porque cedo te desanimaria um cruel desengano.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 59

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515