Ilíada - Cap. 28: Capítulo 28 Pág. 143 / 178

Novamente as águas do rio se levantaram em turbilhão e atiraram-se para fora do leito, espalhando-se sobre a planície. Num dado momento, Aquiles olhou para trás e, ao ver aquele fantástico volume de água a correr em sua perseguição, sentiu o ânimo a vacilar. Não seriam todos os deuses que vinham sobre ele, despejando o vasto Olimpo?

Já sentia a terra faltar-lhe sob os pés e não conseguia manter-se em equilíbrio. Então, dirigindo-se a Júpiter, formulou-lhe uma prece:

— Júpiter Olímpico, não haverá um deus piedoso que me possa salvar deste rio? Tantas promessas recebi e agora todos me abandonam sob o peso desta calamidade! A minha mãe tinha-me dito que eu viria a perecer, atravessado pelas flechas de Apolo, junto às muralhas de Tróia. Antes tivesse eu morrido às mãos de Heitor, o mais excelente dos guerreiros troianos! Assim um bravo morria às mãos de outro bravo. Em vez disso, o que me acontece? O destino reserva-me ignominiosa morte, afogado nas águas deste rio, sem ao menos me ser dada a glória do combate!

Neptuno e Minerva ouviram-lhe as queixas e vieram prostrar-se ao seu lado. E, tomando-lhe as mãos, confortaram-no com estas palavras:

— Não tenhas medo, Aquiles. Aqui estamos nós para te ajudar, com permissão de Júpiter. O rio acalmar-se-á e tu não perecerás sem antes teres rechaçado os troianos para dentro das suas pesadas muralhas.

Reanimado pelas palavras dos deuses, Aquiles recomeçou a marchar pelo terreno inundado. A custo conseguia desembaraçar-se dos cadáveres e das pesadas armaduras que juncavam o caminho.





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