Ilíada - Cap. 29: Capítulo 29 Pág. 147 / 178

Dizendo isso, a deusa agarrou-a pelos pulsos, tirou-lhe o arco do ombro e com ele deu-lhe vigorosas pancadas nas costas e nas orelhas. Diana contorcia-se e as setas caíam do carcás. Humilhada, fugiu para o Olimpo e foi queixar-se a Júpiter. Lá, seu pai, sorrindo com ternura, perguntou-lhe:

— Quem te maltratou assim, minha filha?

Respondeu-lhe, queixosa:

— Foi Juno, tua esposa. Atirou-se contra mim como uma fera. Ela é quem semeia todas as intrigas no Olimpo, causa de todas as brigas e discórdias.

Júpiter ouvia e procurava consolá-la. Mas não a levava muito a sério.

Enquanto isso, os outros deuses iam abandonando o campo de batalha. Uns voltavam alegres, outros descontentes e indignados. Só Apolo se deixou ficar para trás, pois andava apreensivo com os helenos. Receava que antes do fim do dia eles assaltassem as muralhas e penetrassem na cidade de Tróia.

Aquiles continuava a avançar, matando todos os que estivessem ao alcance da sua espada. O velho Príamo, de pé sobre a muralha, contemplava estarrecido aquele prodigioso guerreiro que não encontrava obstáculos no caminho. Os troianos fugiam sem ao menos tentar detê-lo.

Lamentando-se muito, Príamo desceu e ordenou aos guardas que abrissem as portas para que os guerreiros vencidos pudessem encontrar refugio atrás das muralhas. Assim fizeram e as tropas em fuga desordenada penetraram na cidadela. Os gregos, chefiados por Aquiles, também teriam entrado se Apolo não tivesse instigado o valente Agenor a bater-se contra o invencível herói.





Os capítulos deste livro