Ilíada - Cap. 30: Capítulo 30 Pág. 154 / 178

Disse isso e atirou a espada. Aquiles desviou o corpo e conseguiu evitar o golpe. Depois enristou a lança e avançou numa arremetida furiosa.
Heitor estava protegido da cabeça aos pés pela resistente armadura. Só havia um ponto vulnerável: entre o pescoço e os ombros. E foi ali que Aquiles o feriu. O bronze furou a pele e desceu até ao peito. Heitor caiu, ainda com vida, mas mortalmente ferido, e Aquiles gritou-lhe:

— Tolo, pensaste que depois de matar Pátroclo estavas livre de perigo? Não estavas à espera que eu o vingasse? Pois agora hei-de lançar-te aos cães e aos abutres, enquanto que a ele, Pátroclo, todos os gregos prestarão homenagem!

Heitor, quase desfalecendo, ainda teve forças para suplicar:

— Aquiles, eu não te pedi que me poupasses a vida, mas peço-te que não entregues o meu corpo aos cães para ser mutilado. Meu pai e minha mãe oferecer-te-ão magníficos presentes para que lhes restituas o cadáver do filho. Aceita-os e permite que eles me prestem as honras da fogueira!

Mas Aquiles respondeu-lhe com dureza:

— Deixa-te de súplicas e lamúrias! Príamo não receberá o teu corpo, nem que me pague o teu peso em ouro.

Moribundo, Heitor murmurou:

— Eu já devia conhecer-te melhor e saber que tens um coração de pedra. Mas deverias ser um pouco mais moderado no teu furor, para que um dia os deuses não te façam o mesmo, quando fores derrotado por meu irmão Páris e por Apolo, diante destas mesmas muralhas.





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