Ilíada - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 75 / 178

— Nada há tão desesperador quanto a incerteza. Deveríamos mandar um homem valente ao acampamento dos troianos para os espiar e verificar se eles se estão a preparar para um ataque nocturno, ou se, pelo contrário, vão dormir e esperar pelo amanhecer para voltar à luta. Haverá aqui alguém que se proponha executar essa missão? Presentes magníficos e grandes honras receberia o autor da façanha.

Foi Diomedes quem prontamente respondeu:

— Irei eu. Tenho coragem e valor bastantes para isso, mas ficaria mais tranquilo se levasse comigo um companheiro, porque dois pensam e agem melhor que um.

Foram vários os guerreiros que se ofereceram para o acompanhar: os dois Ájax, Meriones, filho de Nestor, Menelau e o bravo Ulisses. Agamémnon, porém, propôs:

— Diomedes, já que tantos querem ir, escolhe tu aquele a quem preferes levar contigo. Não te deixes dominar por questões sentimentais ou quejandas. Escolhe o que te parecer mais forte e mais valente.

— Já que me dás liberdade de escolha, levarei Ulisses, excelente amigo, bravo guerreiro e espírito iluminado. Tal é sua prudência que retornaremos incólumes até do meio de chamas ardentes.

Ulisses limitou-se a responder:

— Deixa-te, Diomedes, de tantos louvares e partamos sem demora pois a aurora aproxima-se. Somente nos resta uma pequena parte da noite.

Em seguida, os dois começaram a preparar-se para partir. Não levavam nem armaduras nem capacetes, pois o metal poderia provocar ruído ao bater nalguma pedra, se precisassem de se esconder, e os brilhantes capacetes poderiam reflectir a luz das fogueiras dos troianos. Diomedes colocou um barrete de couro do tipo usado pelos guerreiros comuns e pediu emprestada uma espada, pois tinha deixado a sua na barraca. Menones emprestou a Ulisses o arco e a aliava e um estranho barrete de couro, incrustado com dentes de javali.





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