Despedindo-se dos companheiros, partiram. Poucos passos tinham andado quando perceberam que uma garça, mensageira de Minerva, os acompanhava. Vê-la, de facto, não viram, devido à escuridão, mas ouviram-lhe o grasnido, prenúncio de bons acontecimentos. Felizes com o augúrio, invocaram a deusa da guerra e pediram-lhe protecção contra os troianos. Em seguida avançaram cautelosamente, pisando cadáveres e poças de sangue.
Enquanto isto se passava, no acampamento troiano Heitor tinha convocado os seus chefes que, do mesmo modo, tinham resolvido enviar um espião para observar o movimento das tropas inimigas. Queria saber se haviam decidido fugir ou continuar a luta. Quem se apresentou foi Dolão, filho do arauto Eumedes, homem muito feio mas muito veloz, que fez esta proposta a Heitor:
— Estou disposto a ir até aos navios ver o que se passa, mas na condição de que me prometas, como recompensa, os cavalos e o carro de Aquiles quando tivermos destroçado os exércitos gregos.
Heitor ergueu o ceptro e jurou que todas aquelas coisas pertenceriam ao herói, caso ele cumprisse satisfatoriamente a sua missão.
O guerreiro partiu e já deixara para trás a multidão de homens e animais quando foi percebido por Ulisses, que vinha naquela direcção e aviso Diomedes:
— Toma cuidado! Lá vem um homem, talvez um espião, ou alguém que procura cadáveres para os despojar. Deixemos que ele passe e depois atacamo-lo. Se o fizermos prisioneiro, muitas coisas poderemos saber.
Assim dizendo, esconderam-se os dois à margem do caminho. O incauto guerreiro passou mas, um pouco mais à frente, Diomedes e Ulisses caíram sobre ele e aprisionaram-no. O homem acobardou-se e suplicou-lhes a chorar: