Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 18: XVIII Pág. 235 / 519

E portanto...

Interrompeu-a neste ponto a entrada de um criado, pedindo para chegar ao quarto de D. Luís, que desejava falar-lhe.

- Neste caso esperemos o resultado desta entrevista para adoptar um partido - dizia ela, apressando-se em satisfazer os desejos do tio.

Em caminho para o quarto de D. Luís, a baronesa notou nos corredores e nas salas intermédias um movimento extraordinário que não sabia a que atribuir.

Os criados iam e vinham apressurados, comunicavam ordens uns aos outros, abriam e fechavam portas, desciam a duas e duas as escadas e transportavam diferentes objectos, como se se tratasse dos preparativos de uma jornada.

Nos aposentos de D. Luís achou Gabriela o fidalgo em pé no meio da sala, enquanto frei Januário, de joelhos junto de uma arca, introduzia nela algumas peças de roupa, que aquele lhe ia indicando.

- Eu não sei o que V. Ex.ª vai fazer, Sr. D. Luís, - murmurava entretanto o egresso, que parecia cumprir a tarefa de má vontade, suando em bagas - isto não tem pés nem cabeça. Olhem agora, sem cómodos nenhuns... assim de um momento para o outro...

D. Luís, sem responder às reflexões do procurador, continuava a indicar-lhe os objectos que devia arrecadar.

Gabriela dirigiu-se a ele:

- Mandou chamar-me, meu tio?

- Ah! mandei, sim, Gabriela. Desculpe importuná-la. Mas tenho que lhe pedir um favor - respondeu D. Luís com forçada placidez.

- Mil que sejam.

- Depois do que se passou, não quero demorar-me nesta casa uma só noite. Peço-lhe por isso hospitalidade na sua. Se não me engano, tencionava partir amanhã para lá. Não é verdade? Pois bem, faça o sacrifício de partir hoje e permita-me que a acompanhe. Um quarto e uma enxerga bastam-me. Preciso de me ir costumando a tudo.

A baronesa ficou por alguns momentos muda de supresa.





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