Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 27: XXVII Pág. 389 / 519

É um dever... doloroso, mas é um dever.

Ouviram-se as vozes de Tomé e de Luísa, que voltavam.

Jorge ergueu-se sobressaltado:

- Não posso simular a placidez necessária para falar-lhes e ouvi-los falar neste casamento, Berta; como hei-de ter ânimo para o presenciar? Adeus, e... se lhe faltar a coragem... tudo se remediará ainda.

- Adeus, Jorge. Havemos de ser dignos um do outro. Não fraquearemos.

E Jorge saiu da sala para não se encontrar com Tomé.

Berta recebeu os pais já com os olhos enxutos, ainda que agitada pela violência da última cena.

Luísa parecia mediocremente encantada com a perspectiva do casamento que tanto satisfazia Tomé.

- Então é verdade, Berta? E tu quer-lo? - perguntou ela em tom de quem duvidava.

- Sim, minha mãe, julgo que devo aceitar.

- E... e o Sr. Jorge... também te aconselhou?

- Sim - respondeu Berta mais enleada -, o Sr. Jorge é de parecer que sim.

- Já se retirou? - perguntou Tomé da Póvoa, procurando-o com a vista.

- Já. Disse que não podia demorar-se. E eu peço licença para me retirar também.

E Berta apressou-se a sair da sala para se esconder no seu quarto a chorar.

- Enfim! - concluiu Luísa, suspirando, e depois de seguir a filha com a vista. - Vocês lá o lêem, lá o entendem. Mas não era isto o que eu esperava.

- Então que esperavas tu? - perguntou Tomé levemente despeitado.- Julgavas talvez que viria por aí algum príncipe pedir-te a filha para casar?

- Eu cá me entendo.

- E eu também te entendo. Que ainda ninguém te pôde tirar da cabeça umas teias de aranha que lá se meteram. Agora pelo menos deves estar desenganada.

Luísa suspirou e não deu resposta. Mas pensava consigo:

- Berta já eu vi, e a cara não é de noiva contente. Tenho pena de não ver a dele.





Os capítulos deste livro