Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 37: XXXVII Pág. 513 / 519

Não quero que se diga que eu restaurei a minha casa à custa da sua. Até aqui ainda chegam os meus preconceitos aristocráticos, devo confessá-lo.

- Bem, Jorge, muito bem! - bradou o fidalgo - quem pensa dessa maneira e assim procede pode transmitir a sua nobreza, mas não a perde.

- Eu porém é que não posso deserdar minha filha. Essa condição é impossível - disse Tomé friamente.

- A parte a que tiver direito cedo-a em favor de meus irmãos - disse timidamente Berta.

- Teus irmãos não precisam da tua desistência, Berta.

- Tomé - insistiu Jorge -, sabe que o meu constante pensamento é manter ao nome de minha família o prestígio e o respeito que sempre teve na província; não queira anular os esforços que emprego para o conseguir.

- E quer que eu lhe sacrifique a minha reputação? Que se dirá de mim?

A baronesa, prevendo que as dificuldades cresciam, e que esta luta de sentimentos generosos poderia fazer surgir novos obstáculos, interveio dizendo:

- As cláusulas do contrato são uma circunstância secundária e que só na presença de um tabelião se regulam. Eu por mim não posso aturar tais discussões, sobretudo se o noivo toma parte nelas. Olhem que frieza de namorado! Deixemos isso tudo para depois.

- Diz bem V. Ex.ª - apoiou a Ana do Vedor - o tudo é que eles casem, e depois os homens que deslindem lá esse negócio do dinheiro como quiserem. Mas sempre lhes digo que ouçam um advogado, para não fazerem tolices. Mas o fidalgo! O fidalgo é que sempre a deu em cheio! Sim, senhor! Nunca o esperei! Quem dantes lhe fosse dizer... Mas bom foi e verá como até Nosso Senhor lhe há-de dar saúde. E vossemecê, Luísa, que diz a isto? Ande lá, que teve um santo a pedir por si. Eu bem lhe disse, mulher: cara alegre e confiança naquele que está lá em cima.





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