Ouvindo isso, Heitor desistiu do seu intento e recuou para o meio dos guerreiros. Entretanto, Aquiles, cheio de valentia, arrojava-se sobre os guerreiros mais bravos e ia fazendo vitimas. Uma destas foi Polidoro, o mais moço dos filhos de Príamo. Quase menino ainda, seu pai não queria deixá-lo entrar na luta. Mas ele, habituado a receber louvares porque era ágil e sempre vencia nas corridas, teimara em meter-se no campo de batalha. Ao vê-lo passar junto de si, Aquiles enviou um dardo que lhe atravessou as costas. A infeliz criança, soltando um grito de dor, caiu de joelhos e ali mesmo expirou.
Quando Heitor viu o irmão morto não pode mais conter-se. Agarrou firmemente a lança e precipitou-se sobre Aquiles. Este saltou-lhe ao encontro e disse com insolência:
—Ah! Aí vem o homem que matou o meu amigo e a quem eu mais desejava enfrentar nesta guerra! Vamos acabar com isto de uma vez para sempre! Se tens pressa de morrer aproxima-te, Heitor!
Mas este, sem se amedrontar, respondeu:
—Aquiles, não penses que sou criança para me aterrorizares com as tuas palavras. Sei que és superior a mim, mas os deuses podem decretar que a minha lança te arranque a vida de um só golpe.
Assim falando, arremessou-lhe, com toda a força, a sua lança. Mas Minerva soprou o dardo e desviou-o de Aquiles. O herói, com grande fúria, ia já a cair sobre Heitor quando interveio Apolo e o ocultou dentro de uma nuvem. Três vezes ele investiu contra o nevoeiro, na tentativa de ferir seu adversário, mas em vão!
—Miserável! — exclamou, furioso. —Não fosse a protecção de Apolo e terias afinal perecido às minhas mãos. Mas no próximo encontro não escaparás à minha vingança! Enquanto isso, irei tirando a vida a muitos dos teus homens.
Assim falando, saiu Aquiles pelo campo de batalha fazendo grande carnificina nas hostes inimigas e tirando a vida aos mais fortes guerreiros. Devastava como voraz incêndio tudo o que se lhe antepunha à passagem.