Ulisses zangou-se por ter sido repreendido injustamente e não hesitou em replicar:
- Rei Agamémnon, estarei a ser apelidado de cobarde por não ter ouvido o seu chamado? Por acaso não me vê sempre em todas as batalhas? Talvez seja porque não costuma estar lá para ver. Deve-se sempre pensar antes de falar, para não se dizerem coisas insensatas.
Percebendo que Ulisses se aborrecera com as suas palavras irreflectidas e não querendo perder a ajuda de outro chefe grego, Agamémnon apressou-se em desculpar-se:
- Não duvido da tua coragem, Ulisses, nem da dos teus valentes homens, e estou também certo que não é necessário despertar-lhes o interesse pela luta. Se falei erradamente, perdoa-me, pois não era minha intenção menosprezar-te.
Foi, em seguida, ao encontro dos homens da Trácia e, irritado pela altercação que acabara de ter com Ulisses, começou logo a censurar Diomedes falando em alta voz à medida que se ia aproximando:
- Lembro-me que Tideu, teu pai, era um homem muito valente, sempre à frente dos seus soldados em todas as batalhas. Parece-me que essa coragem está a faltar ao seu filho.
Diomedes, dominado de raiva, mordeu os lábios para não disparatar, pois, sendo muito mais jovem que Agamémnon e rei de menor importância, precisava de o respeitar. Mas Estenelo, que estava a seu lado, não conseguiu suportar os insultos dirigidos ao seu amigo, mesmo vindo do mais ilustre dos reis gregos. Indignado, protestou:
- Isso é mentira, rei Agamémnon, e bem o sabeis. Diomedes nada tem de cobarde.