Ilíada - Cap. 19: Capítulo 19 Pág. 98 / 178

O Sono exultou com a promessa:

— Bem, nesse caso, se juras pelas sagradas águas do Estígio que cumprirás a tua promessa, eu arrisco. Dar-me-ás Pasitéia, por quem estou enamorado há muito tempo.

A deusa fez todos os juramentos exigidos e o Sono prometeu ajudá-la fazer adormecer o celeste rei. Em seguida, os dois voaram juntos, ocultos numa nuvem, e chegaram ao monte ida, não muito longe do lugar onde Júpiter estava. Sono escondeu-se no meio dos bosques e Juno aproximou-se do seu divino esposo. Não tardou que o deus se apercebesse da sua presença e, ao vê-la tão formosa, chamou-a:

— Juno querida, que vieste fazer aqui, tão longe do Olimpo? Que desejas?

Respondeu-lhe a deusa:

— Vou visitar os meus amigos Oceano e Tétis, a ver se consigo restabelecer entre eles o amor que há muito perderam. E vim avisar-te para que, quando regressasses a casa, não me procurasses em vão.

Júpiter, porém, enamorado dela, pediu-lhe:

— Deixa para depois essa visita de família e vem sentar-te ao meu lado só uns instantes.

Outra coisa não desejava a astuciosa deusa. Aproximou-se, pois, e a um dado momento, percebendo que o seu incauto marido estava completamente embevecido com a sua formosura, fez sinal a Sono e este, esgueirando-se do bosque, veio postar-se atrás do deus, estendendo sobre ele o seu pesado manto. Dentro de um minuto, Júpiter adormecia profundamente e a esperta rainha voou para junto de Neptuno, a quem disse:

— Agora, meu irmão, Júpiter está a dormir e não acordará tão cedo, pois encarreguei o Sono de o vigiar. Aproveita a oportunidade e corre a auxiliar os gregos, que estão a ser derrotados em todos os quadrantes.





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