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Capítulo 13: XIII

Página 146

- Ai, para o Sr. regedor!

- É verdade.

- Então a S. Ex.a tenciona tomar estado?

- E vamos lá saber,- informou-se o doutor - a rapariga é arisca ou acessível?

- Por ora parece-me desconfiada apenas, mas...

- Como disseste que se chama? Berta?

- Sim.

O padre cantarolou:

Berta, Berta, meus amores,

Berta do meu coração,

És a rainha das flores.

Trai lari lari larão.

E, cantando, trepava o muro de um pomar para colher laranjas que de lá o estavam seduzindo.

- Deixa lá as laranjas; anda daí - dizia o mano doutor, que seguia à frente do rancho.

- A casa do cidadão é inviolável - acrescentou Maurício.

- Sim, senhor,- tornou o padre, já a cavalo no muro - mas, se me faz favor, nem isto é casa, nem um homem que mora na aldeia é cidadão.

E saltou do muro com a sua colheita, e pôs-se a caminho, comendo as laranjas que roubara.

- Então dá cá uma- disse o doutor, voltando-se para trás.

- Ah! ah! já cobiças?

E o padre arremessou duas laranjas, que o mano destramente aparou nas mãos.

A companhia foi seguindo pelos acidentados caminhos da aldeia, cantando, saltando, pondo em confusão as lavadeiras moças que ensaboavam nas presas, abraçando à força na estrada as raparigas que, vergadas sob molhos de erva ou de milho cortado, mal lhes podiam fugir; visitando todas as tabernas, fazendo correrias a galinhas, porcos ou vacas, se se lhes deparavam na passagem, calcando campos e escalando muros com o desassombro de senhores.

Maurício imitava-os meio constrangido, mas imitava-os. Se às vezes os seus melhores instintos ou a influência do trato com Jorge o faziam conter, a reflexão maliciosa de qualquer dos primos, que ironicamente lhe celebrava a candura, impelia-o a vencer a primeira hesitação, e afinal dava o passo que lhe repugnara.

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pág. 146 (Capítulo 13)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 146

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515