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Capítulo 15: XV

Página 175
É um enxame que ele traz constantemente pousado no coração.

- Ah! ah! pois tu és dos que declinam o amor sempre no plural? Não sabia!

- Deixe-o falar, prima Gabriela. O Jorge bem sabe que nesta mesma ocasião tão absorvido ando por uma só imagem, que é sem fundamento a acusação de inconstante que me dirige.

Jorge contraiu a fronte, ao perceber a alusão, e disse secamente:

- Julguei que havias resolvido deveras ter juízo.

- Não é tempo agora de examinar esta questão, - acudiu Gabriela - porque me parece que vem aí o tio Luís.

De facto o fidalgo aparecia à porta da sala e um pouco atrás dele o padre procurador.

O velho D. Luís vestira-se quase elegantemente para receber a sobrinha. Elegância severa, acomodada à sua grave figura de ancião, mas elegância inquestionável. D. Luís tinha uma presença majestosa e um todo de diplomata que impunha respeito.

O vestuário preto que usava, sobre o qual sobressaía a gravata cuidadosamente lavada e engomada, aumentava o efeito natural dos seus dotes físicos.

O procurador formava inteiro contraste com o fidalgo. Curvado, olhando por cima dos óculos, com o lenço constantemente empunhado para acudir às instantes reclamações de um defluxo crónico, parecia dominado por uma infantil timidez, mas não perdia um só gesto dos outros que manhosamente observava.

A baronesa inclinou-se para beijar a mão do tio, que a acolheu nos braços.

- O tio Luís! - dizia a gentil viúva, olhando-o. - Sempre o mesmo! Não o acho mudado.

- Não?! - disse o fidalgo com leve ironia na intonação e no sorriso.

- Olhe que não. E é natural. Bem vê que se os golpes dolorosos o têm feito padecer, também lhe servem de conforto o sossego destes sítios, a pureza destes ares, a tranquilidade desta vida e o afecto dos filhos que ainda lhe restam.

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pág. 175 (Capítulo 15)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 175

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515