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Capítulo 18: XVIII

Página 245
.. Que somos nós para si então, padrinho?

O fidalgo tornou-se de novo sombrio ao responder:

- Berta, quando a minha consciência me impõe um acto na vida, é inútil tentar demover-me.

- A consciência! - repetiu Berta, timidamente, como exprimindo uma dúvida.

- Se queres também chamar a isto um preconceito de classe, como já lhe chamou um dos meus filhos, chama-lho embora. Eu todo o caso obedeço-lhe e de obedecer-lhe me orgulho.

E o fidalgo ia para retirar-se, quando Berta lhe disse, hesitando:

- E não me consente que lhe beije outra vez a mão?

O ânimo irritado do senhor da Casa Mourisca abrandou outra vez ao som daquelas palavras meigas. D. Luís estendeu a mão a Berta, que lha beijou chorando.

Ao sentir-lhe as lágrimas, o fidalgo ergueu-lhe amigavelmente a cabeça, perguntando-lhe:

- Porque choras, Berta?

- Porque sinto que já me não tem a amizade que dantes me tinha.

- Criança - disse o fidalgo com uma brandura que havia muito tempo ninguém conhecera nele -, que tens tu com as paixões áridas das nossas almas de homens? Os entes como tu e como aquele que eu perdi nasceram para as dissipar e não para sofrê-las.

E, cedendo à comoção que de novo o dominava, o severo e implacável D. Luís, com admiração crescente de frei Januário, apertou a afilhada nos braços e pousou-lhe na fronte um beijo como os que dava em Beatriz.

E ao separar-se daquele lugar ia outra vez com as lágrimas nos olhos.

Ao fim da avenida, donde se avistava o portão, voltou-se. Berta permanecia no mesmo sítio, a segui-lo com a vista.

- Repare, frei Januário, repare; a quem vê daqui, à distância, não parece mesmo a minha Beatriz, quando nos esperava à porta da Casa Mourisca?

- Sim, as raparigas ao longe todas se parecem; mas olhe que é noite fechada, Sr.

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pág. 245 (Capítulo 18)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 245

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515