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Capítulo 20: XX

Página 282
O Tomé bem sabe que o nosso grande mal não está naquelas pedras caídas; isso é apenas o sintoma da doença, que é preciso combater primeiro.

- Pois sim, mas... - titubeou o lavrador, já abalado.

- Sabe o que consegue com isso, Tomé? consegue uma vinganca aparente, que fala mais aos olhos, isso é verdade; mas não a vingança real, generosa e nobre, representada pelo seu empenho em auxiliar-me deveras na obra que empreendi. Consegue contrastar as minhas ambições; sou eu quem mais sofro da sua vingança. Esta casa, como sabe, é apenas uma pequena parte da nossa propriedade, mas é a que, por assim dizer, a representa. O povo, enquanto não vir renovar aquelas ameias caídas, aclarar aquelas paredes negras, restaurar aquela capela abandonada, nunca se persuadirá de que a nossa casa conseguiu escapar do naufrágio em que esteve para perder-se. Quando eu tivesse assentado em bases sólidas esta propriedade que encontrei vacilante, quando pudesse desafogadamente chamar meu ao mesmo que meus avós chamaram deles, havia então de renovar esta velha habitação, que só então teria o direito de sorrir defronte da sua Herdade, Tomé, e dessas alegres casas que aí se estendem por a colina abaixo. Nesse dia ficaria o povo sabendo que eu tinha cumprido um dever e havia de respeitar-me por força. Mas o Tomé quer privar-me dessa glória. Vai fazer sorrir esse fiel confidente dos nossos infortúnios, quando ainda o sorriso é uma mentira e uma ironia aos seus proprietários. Depois, embora eu lute e obre prodígios, e consiga vencer, o povo dirá: Os fidalgos da Casa Mourisca estão hoje melhor do que já estiveram. Houve um homem, o dono da casa ali defronte, que teve compaixão deles e lhes restaurou por esmola a casa que caía em ruínas. Não falarão nos seus outros valiosos serviços, que não os conhecem, nem apreciam; não falarão daqueles de que me não envergonho, antes me orgulho de confessar.

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pág. 282 (Capítulo 20)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 282

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515