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Capítulo 3: III

Página 31
a cabeça, a fingir-se entretido no exame da roda hidráulica de uma nora:

- E porque será que só os campos que nos pertencem estão cheios de ortigas e saramagos, Tomé?

Tomé da Póvoa voltou-se de repente para Jorge e fitou nele um olhar penetrante.

Porque o fazendeiro tinha às vezes um certo olhar que ia até ao fundo do pensamento de uma pessoa.

- Quer que lhe diga porque é, Sr. Jorge? - perguntou ele logo depois, com um tom de voz sério e quase triste.

- Quero, sim.

- É porque o dono deles é o Sr. D. Luís Negrão de Vilar de Corvos, fidalgo da Casa Mourisca, como por aqui lhe chamamos todos.

Jorge olhou interrogadoramente para Tomé, que continuou:

- É pela mesma razão por que chove nas salas do Morgado do Penedo e por que seus primos do Cruzeiro perderam o ano passado todo o Casal do Matoso. Se eu tivesse agora vagar para contar-lhe a minha vida, desde que saí aos vinte e dois anos de sua casa, Sr. Jorge, até hoje, o menino não me perguntava depois porque os seus campos estão cheios de serralha e de saramagos. Trabalhei muito, Sr. Jorge; não é só com água que se regam estas terras para as ter no ponto em que as vê; é com o suor do rosto de um homem. É preciso que o dono vigie por elas, sem confiar em ninguém, como um pai vigia pela educação dos filhos. Ora aí está. As bênçãos de um padre capelão não dão adubo às terras - acrescentou Tomé com um sorriso epigramático a comentar a alusão, que não escapara a Jorge.

- Mas como se explica isto, Tomé? - continuou Jorge com a docilidade de um discípulo. - Os meus avós nunca se ocuparam muito com a lavoura; passaram a vida quase toda na corte e nas embaixadas e raras vezes visitaram as suas terras, onde só vinham para caçar, e contudo a nossa casa era então uma das mais ricas da província, e hoje…

- Isso lá… Olhe, Sr.

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pág. 31 (Capítulo 3)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 31

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515