Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 25: XXV Pág. 355 / 519

As informações que colhi sobre a nova instituição de Crédito Predial animaram-me. Legalizados alguns títulos menos regulares, e alienando uma parte da nossa propriedade, que é apenas um estorvo ao melhoramento da outra, poderei habilitar-me a usar prudentemente do crédito, recorrendo à nova instituição; resgatar a nossa casa, e dentro de alguns anos remir a dívida, graças à eficácia dos melhoramentos que espero realizar. E dizem ainda mal das instituições modernas! Elas apenas sacrificam os que a elas recorrem com uma intenção má. O dissipador que julga iludir o crédito sob falsas promessas de melhoramentos é um dia por ele severamente castigado. E justo é que o seja. Mas quem o procurar com boa-fé, com lisura, com inteligência e com o ânimo decidido para trabalhar, encontrará nele auxílios milagrosos.

Jorge falava com tanto entusiasmo, que a baronesa, ao ouvi-lo, ia sentindo dissiparem-se as suspeitas que a princípio concebera.

- Este entusiasmo enche completamente todo aquele coração - pensava ela -, não pode haver lá dentro vazio que o atormente.

Jorge prosseguiu informando minuciosamente a prima do estado dos negócios, dos seus planos de reforma, das suas esperanças no futuro, e quase lhe não poupou o cálculo das anuidades, pelo qual chegava a determinar a época em que poderia amortizar totalmente a dívida contraída, segundo as bases da legislação hipotecária.

Só próximo à quinta dos Bacelos foi que a baronesa conseguiu dar à conversa a direcção que havia muito lhe desejava ver tomar.

Discutindo com o primo o valor dos meios a que se poderia lançar mão para trabalhar na empresa em que ele se empenhara, Gabriela lembrou-lhe o de um casamento com mulher abastada.

Jorge sacudiu a cabeça em sinal de repugnância.





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