Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 25: XXV Pág. 354 / 519

Mas observemos.

Berta, que correra a esperar os cavaleiros, estava nos braços do pai, que a beijava com efusão. A baronesa, meio oculta por um tronco de sovereiro, notou um rápido olhar de Jorge para Berta, quando a rapariga ainda o não podia ver, porque Tomé lho encobria; notou mais que assim que Berta o procurou, estendendo-lhe a mão, Jorge correspondeu com cerimoniosa deferência, e nunca mais dirigiu para ela a vista.

A baronesa foi enfim ao encontro dos viajantes.

Recebeu de Jorge um acolhimento sem comparação muito mais expansivo do que o que Berta lhe merecera. O penetrante espírito de Gabriela interpretou esta diferença a seu modo.

A companhia desfez-se passado pouco tempo.

Tomé tinha pressa de chegar a casa; segurando a égua pela arreata, despediu-se da baronesa e de Jorge, e partiu, em companhia da filha, a caminho da Herdade.

A despedida de Jorge e Berta teve a mesma aparência de reserva e de constrangimento que caracterizara o primeiro encontro.

Observou porém Gabriela que, próximo a dobrar uma curva do caminho, além da qual se perdia de vista Tomé da Póvoa e a filha, que seguiam em direcção oposta, Jorge se voltou para trás com aparente naturalidade.

- Então que resultados colheste da tua excursão?- inquiriu a baronesa, não demonstrando as descobertas que ia fazendo, enquanto cavalgava ao lado do primo.

- Excelentes - respondeu Jorge, em tom de verdadeira satisfação. - Estes dias foram preciosos. O nosso pleito entrou em muito melhor caminho depois da minha conferência com os advogados. Não me havia iludido sobre a importância do tal documento que a incúria de frei Januário deixara encher de mofo nas gavetas.

Os advogados quase me asseguraram o êxito da causa. Se assim for, posso dizer meio vencida a tarefa que empreendi.





Os capítulos deste livro