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Capítulo 25: XXV

Página 356

- E aconselha-me isso? - exclamou ele. - Não seria regenerar-me, seria vender-me, e venda mais vergonhosa do que aquela aonde nos conduziria o sistema de administração seguido até agora nesta casa; porque nesse apenas se punha em venda a propriedade, e neste vendia-se o proprietário.

- Isso é conforme a maneira de ver as coisas; além de que eu a ti já faço a concessão de não supor um casamento exclusivamente por interesse, mas quero que um pouco de amor autorizasse o contrato, que sem tal sanção te repugnaria. Tudo se podia combinar.

- Eu não tenho tempo para amar - respondeu Jorge sacudidamente.

- Ora; o amor não espera ocasião oportuna. E eu não posso acreditar que uma alma como a tua não esteja conformada para uma afeição verdadeira.

- Não digo que não; mas quero fugir de pôr em prática essa aptidão, se a tenho, porque talvez que depois não sentisse bastante contemplação para com o mundo, para aceitar a restrição que ele costuma impor à satisfação das paixões.

- Mas quem te diz que se estabeleceria esse conflito entre ti e o mundo?

- Era o mais provável.

- Queres dizer que mais depressa te apaixonarias por alguma rapariga do povo, pobre, costumada à vida do trabalho e da economia, do que por qualquer das tuas ociosas fidalgas primas destes arredores.

- Com certeza que não me seduzirão essas.

- Mas vamos; se apesar das tuas precauções o facto se desse - porque enfim... estas coisas nem sempre é possível evitá-las, romperias abertamente com o mundo?

- Nem quero pensar no que faria. Talvez me resignasse a deixar-me sacrificar aos preconceitos dos outros. Sabe de quem. Resignava decerto, se o sacrifício fosse somente meu. Mas, se amasse deveras e fosse amado, e a mulher a quem dedicasse este amor não tivesse igual coragem para o mesmo sacrifício.

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pág. 356 (Capítulo 25)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 356

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515