Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 27: XXVII Pág. 378 / 519

- Eu? - exclamou Jorge com vivacidade que para Tomé não tinha explicação.

- Então não tem? Não se trata de segredo algum. É uma proposta que vou fazer a minha filha e à qual ela responderá sim ou não, e está acabado. A presença do Sr. Jorge não estorva. Antes poderia dar à pequena informações a respeito do Clemente, que ela conhece mal...

- O quê?! Tomé! - acudiu Jorge irritado - pois cuida que eu me encarrego de semelhante papel? Eu? Que interesse tenho eu em que Berta aceite a proposta de Clemente? Que certeza posso dar-lhe de que fará bem aceitando-a? Eu sei lá! Clemente é um rapaz de quem sou amigo, mas não sei nem quero saber se dele se fará um bom marido. A respeito de casamentos não dou conselhos. Não quero que me lancem depois as culpas. Nesse assunto cada um escolha por si, porque para si escolhe. Informações a respeito do Clemente! Mas que informações quer que eu dê?

- Pois não diz que é seu amigo? - tornou Tomé, um pouco admirado com as maneiras impertinentes que notava em Jorge. - Não é essa já pequena garantia para a minha Berta, que sabe o valor que têm os homens a quem o Sr. Jorge dá esse nome.

- Ah! não sabia que eu era a pedra-de-toque no conceito de Berta para julgar dos caracteres dos homens. Mais um motivo para ser reservado.

- Diga-me uma coisa, Sr. Jorge - insistiu Tomé, e em tom mais decidido -, se soubesse que o Clemente era um miserável, um vicioso, um extravagante, de más qualidades, e estivesse persuadido de que seria um mau marido, ter-se-ia encarregado de pedir-me, em nome dele, a mão de minha filha?

- Por certo que não - respondeu Jorge prontamente e com toda a lealdade.

- Muito bem; pois é isso mesmo que eu desejava que minha filha soubesse. O Sr. Jorge não lhe daria conselhos, dir-lhe-ia somente: Encarreguei-me de dar este passo, porque este homem é um homem honrado.





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