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Capítulo 4: IV

Página 45
Luís.

- Que vais à vela - concluiu o padre. - Desde que puseram a cabeça à roda a esta gente com liberalismos… ficou tudo transtornado. Agora todos mandam, todos falam, e não há quem governe. Isto de não haver um que governe… Estes patetas não se desenganam de que um país é como uma casa. Ora deixem à vontade os criados em uma cozinha, sem ninguém que os vigie, e verão o que vai! Esperem por o jantar, que hão-de achar-se servidos!

O símile fora sugerido a frei Januário pela sua constante preocupação.

- O que me custa é lembrar-me de que meus filhos têm de viver nesta sociedade assim organizada! Quem sabe a sorte que lhes está reservada, aos pobres rapazes! - disse o fidalgo, suspirando com escuras apreensões sobre a posição precária da família.

- Os filhos de V. Ex.ª não devem transigir em caso algum com estes homens! - exclamou com veemência o padre. É não fazer como a sobrinha de V. Ex.ª, a Sr.ª D. Gabriela, que já é baronesa das feitas por eles. Quando se é fidalgo, é preciso ser fidalgo.

- É bem negro o futuro que espera as casas como a nossa, e sabe Deus se em parte preparado por nós - insistia o fidalgo. - Também pecámos.

- Pois é uma triste verdade, mas isso não é razão para que os que nasceram nessas casas se abaixem diante dos que nem sabem onde nasceram. Deixe V. Ex.ª medrar quanto quiser o Tomé da Herdade, que no fim de tudo sempre há-de mostrar que andou descalço em criança e que foi levar a beber o gado desta casa. Há certas coisas que não dá o dinheiro.

- O Tomé da Herdade! - repetiu D. Luís com amargura. - Esse é que prospera, os tempos estão para ele. Quem viu e quem vê aquilo!

- Então que quer? Inda mais havemos de ver. E então não sabe V. Ex.ª que o homem mandou educar a filha na cidade como se fosse filha de alguém?

- A Berta?

- Sim, a que é afilhada de V.

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pág. 45 (Capítulo 4)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 45

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515