Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 37: XXXVII Pág. 510 / 519

Meu pai não o aceita, e prefere ver-nos felizes. Ajoelha ao lado dele e beija a mão de teu pai.

Berta obedeceu, banhada em lágrimas de comoção.

A baronesa não reprimiu uma exclamação de alegria e de triunfo.

Maurício correu a abraçar Jorge.

A Ana do Vedor quase levantou ao ar a boa Luísa, que temia acreditar no que julgara entender nas palavras de Jorge.

Somente Tomé da Póvoa ficou imóvel e calado. Ao ouvir Jorge, ao ver a filha ajoelhada junto do fidalgo e acariciada por ele, um clarão de alegria passou no rosto do honrado lavrador e brilharam-lhe nos olhos as lágrimas. Mas este relâmpago dissipou-se cedo e carregou-se-lhe o semblante de tristeza.

Assim que Jorge, procurando-o com os olhos, se dirigiu para ele, estendendo-lhe os braços, Tomé afastou-o brandamente de si, dizendo-lhe:

- Custa-me desfazer essa alegria, senhor, essa alegria que me faz quase chorar, que é sincera da sua parte. Mas quanto mais cedo, melhor será. Isto não pode ser.

Todos fitaram estupefactos o fazendeiro. Ninguém esperava que a resistência se levantasse dali. Ana do Vedor resmungou:

- Temo-la travada!

- Valha-nos Deus! - gemeu Luísa.

Berta fitou no pai os olhos ainda lacrimosos.

A fronte de D. Luís contraiu-se de novo.

- Que quer dizer com essas palavras, Tomé? - perguntou Jorge, enquanto que Maurício e a baronesa secundaram a pergunta com um olhar interrogador.

- Há brios a que se não pode faltar insistiu Tomé -, ainda quando se nos despedace o coração e o dos filhos. Que se diria de mim? Como se explicaria por aí o meu proceder nesta casa? Que pensaria ali o Sr. D. Luís, que já uma vez me suspeitou de forjar intrigas infames e de ter ambições indignas de um homem de bem? Creia no que lhe digo, Sr. Jorge, mais vale que sacrifiquemos todos um pouco das nossas afeições para não termos desgostos maiores.





Os capítulos deste livro