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Capítulo 5: V

Página 55

Jorge, que percebeu em todos estes sinais um dos costumados frenesis do irmão, interrogou-o:

- Que é isso, Maurício? Que é que tens? Que te sucedeu lá fora?

- Deixa-me, Jorge - respondeu Maurício, levantando-se outra vez e pondo-se a passear no quarto. - Se soubesses como eu venho sufocado de raiva!

- Contra quem?

- Contra esta canalha desta gente do campo. Uns miseráveis insolentes que lançam a lama suja onde nasceram e vivem à face da gente com o mais intolerável arrojo! Mas eu esmago-os com a sola da bota!

- Bom! temos bravatas de fidalguia! Esses arreganhos de senhor feudal hoje são de mau gosto, Maurício. Olha que já passou o tempo deles.

- É sempre tempo de castigar um insolente. O essencial é que se tenha sangue nas veias e pundonor no coração.

- E sangue também no coração - emendou Jorge, sorrindo. - Olha que também é lá preciso.

- Não rias, Jorge! Por quem és! - tornou o irmão, despeitado. - Bem vês que falo seriamente.

- Então conta-me tudo. Receio que haja aí alguma das tuas exagerações.

- Não exagero. Esta manhã fui caçar, como sabes. Corri o monte com pouca felicidade; os cães pareciam ter perdido o faro. Voltava já para casa sem esperança, quando, ali pela Quebrada do Moinho, levantaram-se-me quatro codornizes; atiro-lhes, mas mal as feri. Elas seguem na direcção das azenhas, atrevessaram os campos que estão em baixo e vão pousar no pinhal que fica para lá da presa do Queimado. Sabes? Eu desço com os cães, e, para não dar a volta do portelo, galguei o murito da fazenda do Luís da Azinhaga e ia para atravessar o campo, quando aquele grosseirão do mato, aquele vilão infame, sai da casa da eira, aonde andava com os criados, e berra-me: «Olá, ó fidalguinho, isto aqui não é terra baldia, nem roupa de franceses.

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pág. 55 (Capítulo 5)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 55

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515