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Capítulo 6: VI

Página 66
possuímos, mas para consumir o pouco que se obtém em gastos improdutivos, lavrar arrendamentos com que o senhorio nada lucra e com que a propriedade se empobrece, deixar ao desprezo terras não arrendadas, é a prática até hoje seguida, tão fácil como funesta.

- E quem te disse que é possível fazer outra coisa? - objectou já sem ironia o pai. - Os tempos actuais são de prova para famílias como as nossas, a maré que sobe traz à flor da água o que era lodo em outros tempos.

- Deixe-me tentar, meu pai.

- Tentar o quê, criança? Queres ser enganado e escarnecido por esses manhosos proprietários e rendeiros, com quem infelizmente temos de lidar? Que sabes tu da administração dos bens rurais?

- Aprenderei. A ciência, patente às faculdades de frei Januário, não é defesa a ninguém.

- Nem tu sabes o que pedes. Não corarias de vergonha no trato familiar, a que esses negócios obrigam, com homens grosseiros, insolentes, miseráveis de ontem, e que hoje nos atiram à cara com a sua riqueza?

- Procuraria dentre esses os de mais educação.

O velho encolheu os ombros com impaciência, murmurando:

- Educação! Eles!

- Porém, meu pai - argumentou Jorge com mais veemência -, é uma triste necessidade esta. Pense bem. Se é vergonha, como diz, procurá-los para tratar de negócios, maior vergonha será que nos procurem para nos expulsar desta casa; se a um homem da nossa família ficar mal velar por ela, pior e menos decoroso lhe será ter de deixar esta terra, onde já não possua um palmo de seu, sem poder atribuir essa desgraça senão à sua própria incúria. A memória dos nossos antepassados sofrerá menos se um dia se disser dos seus descendentes que trabalharam para livrar da destruição e de mãos alheias o solar que lhes pertencia: do que se se contar, apontando para as ruínas desta casa, que eles a deixaram cair e invadir por estranhos, sem respeito por as gloriosas tradições que a ilustravam.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 66

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515