Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 6: VI Pág. 65 / 519

Ex.ª e rogar-lhe a permissão para realizá-los.

D. Luís sorriu irónico, porque não podia ainda tomar a sério a resolução dos filhos, em que só via duas crianças; e continuou zombando:

- Está bem. Então tu o que queres ser?

Jorge respondeu prontamente:

- Procurador de V. Ex.ª na administração da nossa casa.

D. Luís olhou desta vez para o filho mais seriamente, porque lhe causara impressão a firmeza e prontidão da resposta, em vez das titubeações que esperava. Convenceu-se de que Jorge não procedia levianamente de todo, e que nele havia uma tenção formada. Voltando-se para Maurício, interrogou-o, ainda no mesmo tom em que principiara:

- E tu? Queres ir para o Brasil?

Maurício não tinha, como Jorge, uma resposta pronta, porque nele o projecto era apenas uma resolução vaga e mal definida, e não um plano fixo e meditado como o do irmão. Era nessas formas vagas que ele mais o namorava, e talvez ao pretender fixá-lo principiasse a experimentar as primeiras repugnâncias e desilusões.

D. Luís esperou alguns instantes pela resposta do filho mais novo, mas, como o visse hesitar, continuou, encolhendo os ombros:

- Ainda não pensaste nisso. Bem. Ouçamos então primeiro o teu irmão. Visto isso, achas tu que, sob a tua gerência, a administração de nossa casa prosperaria?

- Creio que não iria pior conduzida do que vai. V. Ex.ª conhece perfeitamente que não será grande façanha ir tão longe como frei Januário.

- É um homem experiente.

- Triste resultado o da experiência. O pai deve, melhor do que nós, saber o estado dos negócios desta casa; mas quer-me parecer que não me enganarei muito conjecturando a maneira por que eles vão. Pedir emprestado sobre encargos e hipotecas pesadíssimas, não para melhorar o que ainda





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