Ilíada - Cap. 27: Capítulo 27 Pág. 136 / 178

Dizendo isto, Eneias arremessou a pesada lança contra o imenso escudo do seu adversário. O bronze ressoou com estrondo, mas o ferro não conseguiu atravessar as cinco camadas metálicas do poderoso escudo.

Por sua vez, Aquiles contra-atacou. O escudo de Eneias não era tão resistente como o de Aquiles, de maneira que a lança perfurou-o inteiramente, mas não atingiu o corpo do herói. Passou-lhe por sobre o ombro e foi cair longe. Impaciente, o filho de Peleu, soltando um terrível grito de guerra, sacou da espada. Eneias pegou numa pedra e esperou-o. Então, um dos dois teria perdido a vida se Neptuno não tivesse intervido. Vendo que a morte pairava sobre a cabeça de um dos guerreiros, disse aos outros deuses:

— Eneias não tarda a ser vencido por Aquiles e morrerá só porque deu ouvidos as insinuações de Apolo. Mas para que há-de padecer esse inocente, o melhor dos troianos, que não se cansa de oferecer sacrifícios a todos
os deuses do Olimpo? Vamos salvá-lo pois, de contrário, Júpiter ficará furioso! Ele já decretou que este homem e seus descendentes hão-de reinar sobre Tróia em sucessivas gerações.

Respondeu-lhe Juno:

— Faz o que melhor entenderes. A mim e a Minerva pouco nos importa que os troianos pereçam todos e que a cidade de Tróia seja totalmente destruída.

Correu Neptuno para o campo de batalha, atravessou a multidão de guerreiros e, chegando próximo do lugar em que estavam os dois contendores, lançou uma névoa sobre os olhos de Aquiles e suspendeu Eneias nos ares, levando-o para a retaguarda. Quando o depositou no chão, dirigiu-lhe esta censura:





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