- Amanhã partiremos, se quiser.
- Pois seja amanhã. E não acha que encaminho melhor a sua vingança por este lado, Tomé?
- Acho que quem tem o juízo do Sr. Jorge pode muito bem passar sem o auxílio de pessoa alguma. Mas enfim cá estou às ordens.
Passado meia hora, entrou Tomé em casa e participou à mulher que ia no dia seguinte ao Porto, na companhia de Jorge, e que talvez aí se demorassem alguns dias.
Luísa ficou compreendendo que os projectos de restauração da Casa Mourisca haviam sido pelo menos adiados, e com isto cresceu nela a admiração pelo carácter de Jorge.
Maria Luísa tinha durante aquela manhã recebido impressões que não se atrevia a revelar totalmente ao marido, mas que a não deixavam estar sossegada enquanto não transpirassem em vagas insinuações.
Estavam à janela os dois esposos, conversando placidamente de Jorge e de D. Luís, e da próxima jornada à cidade, quando Luísa, depois de uma pausa na conversa disse ex abrupto para o marido:
- Ó Tomé, e que dirias tu se um dia a tua filha morasse naquela casa?
E, ao dizer isto, designava com a cabeça a Casa Mourisca.
Tomé olhou para a mulher, como se aquelas palavras lhe fizessem duvidar da firmeza do juízo dela.