Nas primeiras capitais da Europa, em cujas embaixadas serviu, obteve o fidalgo provinciano um grau de ilustração e de trato do mundo, um verniz social, que nunca adquiriria se, como tantos, de moço se criasse para morgado.
Quando, por morte do primogénito, veio a suceder nos vínculos, D. Luís podia considerar-se, graças à ocupação dos seus primeiros anos de mocidade, como o mais instruído e civilizado proprietário da sua província; e como tal efectivamente foi sempre havido pelos outros, que o tratavam com uma deferência excepcional.
Ainda depois da morte do irmão, D. Luís, costumado ao viver da grande sociedade e à esplêndida elegância das cortes estrangeiras, não abandonou a carreira que encetara. Secretário da embaixada em Viena, casou ali com a filha de um fidalgo português que então residia nessa corte, encarregado de negócios políticos.
Ao manifestarem-se em Portugal os primeiros sintomas da profunda revolução que devia alterar a face social do país, D. Luís mostrou-se logo hostil ao movimento nascente, e, abandonando então o seu lugar diplomático, voltou ao reino para representar um papel importante nas cenas políticas da época.
Aí tiveram origem grande parte dos desgostos domésticos que lhe amarguraram o resto da vida.
Os parentes de sua esposa abraçaram a causa liberal.
D. Luís, com toda a intolerância partidária, rompeu completamente as relações com eles, ferindo assim no íntimo os afectos mais santos da pobre senhora, que sentia esmagar-se-lhe o coração entre as fortes e irreconciliáveis paixões dos que ela com igual afecto amava.
O rancor faccioso foi ainda mais longe em D.