Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 29: XXIX Pág. 407 / 519

Talvez o quarto de Gabriela.

- Não se incomode - atalhou Berta. - A Sr.ª baronesa parece que tinha tudo prevenido, porque me receberam como quem me esperava já.

- Mas como sabia Gabriela?...

- Pois se foi ela quem me mandou dizer que partia e que me fez sentir a necessidade de vir ocupar o seu lugar.

- Ah! agora entendo a carta dela. É uma boa rapariga afinal.

E D. Luís tinha nos lábios, ao dizer isto, um sorriso de simpatia, que lhe suavizava a dureza habitual das feições.

A agradável doçura que o fidalgo da Casa Mourisca estava saboreando com a presença e o conversar de Berta foi interrompida por umas pancadas tímidas na porta do quarto, que ele escutou de má vontade.

- Quem está aí? - perguntou quase irritado.

- Licet? - murmurou a voz do padre fora da porta.

- Entre quem é - respondeu D. Luís, ainda mais irritado depois de conhecer a voz.

O padre entrou subitamente, cortejou Berta com olhos desconfiados e avançou com passos vagarosos.

- Que é o que quer, frei Januário? - perguntou D. Luís desabridamente.

O padre continuou a aproximar-se do leito e respondeu melifluamente:

- Os filhos de V. Ex.ª, os Srs. D. Jorge e D. Maurício, pedem licença para lhe falarem.

D. Luís fez um movimento de impaciência.

- Que me querem eles?

O padre encolheu os ombros.

- Não posso dizer a V. Ex.ª, porque eu mesmo não o sei.

- Que lhes não falo agora - respondeu em tom sacudido o fidalgo. Mas, ao voltar-se, deu com os olhos no rosto de Berta, que insensivelmente revelou nele o desprazer com que ouvira aquela resposta.

O padre ia a retirar-se com o recado, quando ouviu D. Luís dizer:

- Mas não poderei saber o que é que me querem os senhores meus filhos?

O padre parou, esperando uma ordem definitiva.





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