Ilíada - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 30 / 178

Mas Diomedes interrompeu-o com um olhar severo:

- Acalma-te Estenelo. Por ser o chefe de todos nós, o rei Agamémnon tem todo o direito de me repreender quando julgue necessário. Se tomarmos Tróia, a glória será dele por ser o chefe, assim como também será dele a vergonha se formos derrotados. Assim sendo, faz sabiamente uso do seu direito de exortação ou de censura. Vamos, pois, Estenelo, avançar contra os troianos, levando em consideração as censuras de Agamémnon.

E sem nada mais acrescentar, foi preparar-se para a batalha, a fim de banhar em sangue troiano a dor provocada pela injustiça que sofrera.

Estando tudo preparado, o exército pôs-se em marcha. Os guerreiros iam tão silenciosos como se tivessem perdido o dom da fala. Quase que nem respiravam atentos às vozes de comando. As armas cintilavam, com brilho semelhante ao da espuma do mar enfurecido.

Das hostes troianas, também em movimento, partia u clamor surdo e desordenado. Como não falavam nem entendiam todos a mesma língua, o resultado eram gritos confusos, que mais pareciam berros de muitas ovelhas a serem ordenhadas. De uns apoderava-se o medo, e outros descobriam bons pretextos para a fuga. Entre eles campeava a Discórdia, que percorria as turbas e fazia redobrar os gritos dos guerreiros, lançando-lhes no coração o ódio fatal.





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