Ilíada - Cap. 16: Capítulo 16 Pág. 82 / 178

Ao vê-lo avançar, Diomedes e Ulisses tremeram mas não fugiram aí combate. Atirou o primeiro a sua lança, que foi chocar com violência no elmo de Heitor, sem conseguir perfurá-lo. Estonteado com a pancada, recuou Heitor para o meio dos seus, caindo de joelhos em terra. Restabeleceu-se rapidamente, saltou para o carro e fê-lo recuar.

Vendo-o fugir, gritou-lhe Diomedes:

— Mais uma vez, cão medroso, escapaste à morte, naturalmente com o auxilio de Apolo. Mas, amparado também pelos deuses, hei-de dar cabo de ti quando de novo te encontrar. Contentar-me-ei, agora, com outros dos teus guerreiros.

Protegendo-se atrás de uma coluna existente no túmulo de Ilo, Páris avistou Diomedes e, preparando o arco, feriu-o com uma seta no pé direito, aclamando:

— Ó filho de Tideu, não foi inútil o meu disparo! Só lamento que a seta não te tivesse atravessado o peito, para nos livrarmos das dificuldades em que nos estás a colocar.

Diomedes olhou para ele sem medo e respondeu-lhe, furioso:

— Arqueiro cobarde, ladrão de esposas alheias, se tivesses a coragem de lutar, frente a frente, de nada te serviriam o teu arco e as tuas flechas. Tu te vanglorias agora, por a tua flecha ter atingido o meu pé, mas na minha opinião essas ninharias nada valem. Os golpes de um homem cobarde mais parecem de mulher.

Páris riu-se dele, mas não esperou pela vingança e desceu a correr para onde estava Heitor, no outro lado do campo de batalha.

Com a ajuda de Ulisses, Diomedes sentou-se para arrancar a flecha do pé. Mas o ferimento incomodava-o muito e, aborrecido por ter que deixar Ulisses, com quem partilhara tantos feitos ousados naquele dia, subiu para o carro ajudado por Estenelo, que imediatamente virou os cavalos para retornar aos navios.





Os capítulos deste livro