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Capítulo 21: XXI

Página 296

- O que me deve! Então quer que lhe repita o que já lá dentro lhe disse? Eu sou que tenho a pedir perdão!

- Basta, Sr. Jorge, - atalhou Berta, tentando sorrir, mas raiando-lhe o sorriso por entre mal contidas lágrimas, como o sol no meio da chuva do Inverno. - Hoje não... mas... em outro dia... há-de dizer-me por que não é meu amigo.

Jorge estremeceu, e, olhando para ela, repetiu:

- Porque não sou seu amigo?! Que quer dizer, Berta?

- Oh! creia que há sinais que não enganam. Seja o que for, mas no seu pensamento há alguma coisa contra mim, Sr. Jorge. É pouco dissimulado, bem vê, não o pode disfarçar.

- Berta! mas que criancice! Pois que há-de haver contra si no meu pensamento?

- Não sei. Um dia mo dirá, não é verdade? É muito leal e muito generoso para não mo dizer. Bem vê que preciso sabê-lo para me emendar, porque... eu desejava que fosse meu amigo, Sr. Jorge. Todos o respeitam, todos falam na sua generosidade; espero que não a desmentirá comigo.

- Porém... - ia Jorge a objectar, quando Berta o interrompeu, dizendo:

- Agora não, agora não. Lembre-se só de que eu fico acreditando que será sincero comigo no dia em que eu o interrogar, e que decerto não se recusará então a falar-me com franqueza. Adeus, Sr. Jorge. Creia que desejava deveras que fosse tão meu amigo como é de meu pai.

E retirou-se depois de pronunciar estas palavras.

Jorge desceu vagarosamente as escadas, montou distraído o cavalo que o aguardava no quinteiro e deixou-lhe a rédea livre de maneira que o animal seguia a passo o caminho da casa, que por tanto tempo lhe dera abrigo, o caminho da Casa Mourisca.

Despercebidamente ia passando Jorge por todos os lugares intermédios. As palavras de Berta, animadas por aquela sentida comoção que a dominava ao falar-lhe, estavam-lhe ainda nos ouvidos, e nos olhos a imagem da gentil rapariga, em quem uma grave expressão de dor mais realçava a beleza.

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pág. 296 (Capítulo 21)

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 296

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515