Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 21: XXI

Página 297

- E se voltar a interrogar-me - pensava Jorge - que posso eu dizer-lhe? que devo confessar-lhe? - Nada. Pois que tenho eu contra ela? Pobre rapariga! Mas é certo que me parece que tenho sido um tanto rude, um tanto desabrido... E porquê?

Jorge parecia neste momento estar sondando o fundo do seu próprio coração, para investigar a verdade. De repente fez um movimento com a cabeça, como tentando rejeitar uma ideia pertinaz.

- Mas isto não pode ser, Senhor. Isto é uma loucura que não tem razão de existir. Pois não hei-de ter força de a abafar à nascença? Acaso o sangue de minha idade também me há-de fazer doidejar como aos outros? Eu felizmente não possuo o temperamento de Maurício e hei-de vencer na luta, hei-de. Mas em todo o caso é uma puerilidade, a maneira por que estou procedendo com Berta. Porque é certo que o modo por que a trato não é natural. É medo de me trair? Mais me traio ainda por esta forma. É despeito por as atenções que a vejo dar a outro?... a meu irmão?! Mas é uma vileza da minha parte... A meu irmão?! É verdade que se ele amasse deveras... mas eu que o conheço... É uma loucura afinal, é o que é. E fiem-se no juízo de um rapaz de vinte anos! Aí estou eu tão doido como qualquer desses estouvados. E o mais é que a mim é que se não perdoaria a loucura. A loucura em um rapaz de juízo é um delito imperdoável. Se soubessem por aí... se descobrissem... «E quem devia dizer! Ora vejam, um rapaz que parecia tão ajuizado!» É como eles principiam logo. Ai, tem pesadas responsabilidades o que na minha idade mereceu que lhe chamassem «um rapaz de juízo». É preciso a cada momento sufocar a revolta do temperamento e da idade, lutar incessantemente com a imaginação... E hei-de lutar! É forçoso que não deixe sair cá de dentro os meus desvarios de rapaz.

<< Página Anterior

pág. 297 (Capítulo 21)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 297

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515