Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 25: XXV Pág. 351 / 519

Os seus mesmos defeitos fazem com que seja possível fitá-lo mais directamente, sem que o esplendor dos seus méritos nos ofusque. É um rapaz que, sem deixar de ser generoso, permanece no nível comum, em que todos vivemos, e aí é bem mais fácil amá-lo.

Berta escutava quase distraída; só passados instantes, depois das últimas palavras da baronesa, foi que rompeu o silêncio, dizendo vagamente:

- São ambos duas almas generosas e merecedoras de estima.

- Decerto - insistiu a baronesa.- Mas, minha querida Berta, eu não sei se lhe sucede o mesmo... mas em geral estes rapazes sérios e de juízo, como Jorge, intimidam-nos a nós outras, mulheres; não ousamos fitá-los com um olhar de simpatia, com medo de que só por este olhar eles nos acusem, mentalmente pelo menos, de estouvadas, e o resultado disto é que não olhamos para eles.

Berta sorria, sem responder.

- Conhece há muito esta família? - perguntou a baronesa.

- De pequena. Brincámos muitas vezes, eu, Beatriz e todos eles na Casa Mourisca.

- E Jorge era então já assim sisudo?

- Foi sempre mais ajuizado do que as crianças da sua idade.

- É um rapaz singular. Já tenho pensado em que era preciso casá-lo, porque dará um excelente chefe de família. O essencial é passar em claro trâmites de um galanteio, porque para isso é que ele não é.

Berta nada disse ainda.

A baronesa prosseguiu:

- Por isso é necessário que os estranhos tratem disso e escolham por ele.

Berta aventurou timidamente algumas palavras.

- E aceitará ele a intervenção em um acto tão essencial da sua vida? Ele que está costumado a olhar em pessoa por os negócios que lhe dizem respeito?

- Isso é verdade, mas contentar-se-á em falar directamente com a noiva que lhe propuserem e dizer-lhe com





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