- Pois sim... mas... - murmurava ele, sem saber o que dissesse - mas... Berta... Olha, se queres que te fale a verdade... Berta não te convém.
- E porque acha?
- Porque... Ora, porquê?... Eu não posso bem dizer porquê... porque... porque não.
- Parece-lhe talvez que tem uma educação muito fina para mim?
- Não, não digo bem isso... mas...
- Eu também concordo. Mas atenda o Sr. Jorge que aqui na terra as pessoas melhor educadas do que eu não a querem para mulher. Eu sei de fidalgos que não se lhes daria de inquietá-la, e já o têm mostrado. Mas creia que menos a honram os olhares desses tais do que a minha proposta. Eu não apreciarei, como conviria, os talentos de Berta, mas talvez os respeite melhor. E em todo o caso julgo que se poderá fazer de mim um bom marido.
- Ninguém te diz menos disso... mas... bem vês que... Eu não sei quais são as tenções de Tomé, porém parece-me que...
- De Tomé sei eu que aprovaria o casamento, porque já o disse a minha mãe.
A estas palavras cresceu outra vez a irritação de Jorge.
- Então já é negócio tratado? Os pais falaram-se. Está dito tudo. É o absurdo costume cá da terra. Provavelmente vão exercer pressão sobre a pobre rapariga, que se sacrifica para fazer a vontade à família. Olha, sabes que mais, Clemente, isso não é bonito. Para que hei-de estar a dizer o contrário? Não é bonito. Nem eu te quero dizer tudo o que penso disso.
- Mas valha-me Deus, eu estou deveras admirado de ver o juízo que o senhor faz de mim! Pois imagina que eu consentiria em casar com alguma mulher contra a vontade dela?
- Tu é que disseste que tua mãe e Tomé já se entenderam - observou Jorge, continuando a passear no quarto.