Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 26: XXVI Pág. 368 / 519

- Disse que falaram nisso e que ele não desaprovara. Mas o Sr. Jorge conhece o Tomé e por isso sabe que ele não é homem capaz de obrigar a filha. Deus me livre de imaginar tal! Mas, enfim, vejo que o Sr. Jorge não aprova a minha escolha; eu respeito-o muito e não quero ir contra o seu parecer. Direi a minha mãe...

Jorge acudiu com vivacidade:

- Não, não. Eu não desaprovo. Essa é boa! Que tenho eu com isso? Segue lá o teu destino. E se fores feliz... tanto melhor. Eu sou teu amigo, desejo a tua felicidade. Anda... tenta... nada perdes em tentar. Enfim... eu não tenho objecções a pôr... só me parecia que... Mas enfim, anda para diante.

- Pois sim mas… eu desejava que o Sr. Jorge fosse quem falasse.

Cresceu a impaciência a Jorge.

- Não, não, isso é que não. Perde isso da ideia. Que lembrança! Eu falar! E porque hei-de ser eu? Que tenho eu com isso? Conheço o Tomé; não conheço a filha. Que me importa a mim saber se a Berta te quer para marido ou se não quer? Era até ridículo. Mas como te lembraste de mim para esse emprego?

- Foi minha mãe quem me aconselhou.

- E porque não vai ela? Assim como tratou com o pai, que trate com a filha. Quem quer negociar casamentos para os filhos não incumbe a estranhos parte da missão.

- É porque minha mãe julgava que o Sr. Jorge não era para nós de todo em todo um estranho - murmurou tristemente o colaço de Jorge, a quem a imprevista maneira por que fora acolhido por este tinha deixado em profundo desconsolo.

Estas palavras de tímida censura e a maneira branda e resignada com que foram ditas comoveram Jorge e abateram a tempestade que lhe perturbara a habitual serenidade do seu espírito. Fazendo um esforço para dominar os despeitos que ainda sentia revoltos no coração, disse com maior placidez, apertando a mão de Clemente:

- E julgava bem tua mãe.





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