Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 3: III Pág. 41 / 519

Jorge disse finalmente com resolução:

- Aceito, Tomé. Falarei a meu pai. O dever de salvar a minha casa da ruína me dará coragem. Aceito, porque tenho fé em que me não será impossível pagar-lhe mais tarde a dívida que contrair.

- E eu tenho fé em que há-de ainda haver dias alegres e de festa naquela triste casa. Não é verdade que se diz que há lá um tesouro escondido? Pois cave a terra que o há-de encontrar.

A voz de Luísa, ao longe, anunciou neste momento ao marido que o jantar esperava por ele.

Jorge saiu dali com o coração palpitante de esperança e de comoção, que lhe estava já causando a ideia da entrevista que precisava de ter com o pai.

Tomé jantou com o apetite de quem tinha feito uma boa acção e realizado uma ideia com que havia muito tempo lhe lidava o cérebro.

A mulher achou-o mais falador do que de costume; e, depois de jantar, voltou para a eira, cantando.

Era feliz naquele momento a sua alma generosa.





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