Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 8: VIII Pág. 94 / 519

Parecia prever a aproximação de um perigo, que mal ousava definir.

Dissimulou contudo o que sentia, e deu a Tomé e a Luísa os parabéns pela próxima chegada da filha, e até os auxiliou com o seu alvitre na resolução de algumas dificuldades relativas ao arranjo do gabinete destinado a Berta.

Saiu porém da Herdade debaixo de estranhas impressões morais. Experimentava um misto de mal definido prazer e ao mesmo tempo de desgosto.

Tomé resolvera ir ele próprio a Lisboa buscar a filha.

Interromperam-se, pois, durante alguns dias, as conferências económicas da Herdade.

A demora de Tomé não foi longa.

Pouco mais de oito dias passados, era ele de volta com a Berta.

Uma tarde vinha Maurício a cavalo de uma excursão pelos campos, quando, ao descer por entre os pinheiros de uma bouça cerrada, viu passar, em um curto lanço de estrada, que as entreabertas do arvoredo deixavam patentes, o vulto de dois cavaleiros.

Atraíram-lhe naturalmente a atenção e esperou, para melhor os reconhecer, que chegassem a outro lanço mais próximo e mais descoberto da estrada que seguiam.

De facto, pouco depois viu que era um homem e uma senhora, que cavalgavam a par.

No homem reconheceu Tomé; a senhora pareceu-lhe nova e elegante.

Em resultado desta dupla descoberta, dirigiu o cavalo imediatamente para eles.

Perto principiou a divisar na dama, que Tomé acompanhava, feições conhecidas.

Antes, porém, que esclarecesse a vaga ideia que aquelas feições lhe iam suscitando, o fazendeiro exclamou, saudando-o com a mão:

- Venha dar-me aqui os parabéns, Sr. Maurício; venha cá, que me volta ao pombal uma pomba que deixei sair dele há muito tempo.

Maurício acabou por corroborar a suspeita que já tivera.

Era Berta a amazona.

Berta,





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