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Capítulo 8: VIII

Página 95
a pequena aldeã com quem brincara em criança no pátio e na quinta da Casa Mourisca, a companheira de sua irmã Beatriz, a afilhada de seu pai, e a pequenina dama a quem dedicava já então os seus galanteios infantis; era ela, mas com todas as surpreendentes e rápidas transformações que opera o sangue da juventude na formosura da criança, com todo o realce e prestígio que dá à beleza a educação.

Berta era uma rapariga de olhos negros e de boca graciosa, onde flutuava um sorriso expressivo, ao mesmo tempo, de alegria e de bondade. Havia nos movimentos, nos olhares e nos modos dela um misto da candura de uma criança e dos delicados instintos da mulher; reconhecia-se a falta de dissimulação que é própria dos caracteres generosos, e ao mesmo tempo uma natural dignidade que impõe respeito aos menos reverentes.

Maurício sentia-se maravilhado diante da filha de Tomé.

- Berta! - exclamou ele, sem disfarçar a sua surpresa, nem desviar os olhos da rapariga, que o saudara corando. - É certo que é Berta! Conheço ainda o sorriso, que é o mesmo de outros tempos. Mas que diferença em tudo o mais!

Berta desviou os olhos sob a insistência e expressão dos de Maurício, e, dominando a custo a comoção, conseguiu dizer:

- Fiz-me mais velha, não é verdade?

- Não, Berta fez-se um anjo - acudiu Maurício.

- Isso é que não, - atalhou Tomé - anjo era dantes. Hoje já não repicariam os sinos se ela morresse.

- A terra teria bem razão para lamentar-se. Ao céu é que competiriam as festas - atalhou, galanteando, Maurício.

- Também eu encontro mudança em si, Sr. Maurício - observou Berta. - Quando o deixei não dizia ainda dessas coisas.

E a mesma íntima turbação tirava-lhe ainda a firmeza à voz e ao olhar.

- Porque não as sentia, Berta - redarguiu Maurício.

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Capa do livro Os Fidalgos da Casa Mourisca
Páginas: 519
Página atual: 95

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 18
III 25
IV 42
V 54
VI 62
VII 72
VIII 86
IX 102
X 114
XI 127
XII 137
XIII 145
XIV 155
XV 168
XVI 197
XVII 214
XVIII 233
XIX 247
XX 255
XXI 286
XXII 307
XXIII 317
XXIV 332
XXV 348
XXVI 358
XXVII 374
XXVIII 391
XXIX 401
XXX 414
XXXI 426
XXXII 440
XXXIII 450
XXXIV 462
XXXV 477
XXXVI 484
XXXVII 499
Conclusão 515