Os Fidalgos da Casa Mourisca - Cap. 38: Conclusão Pág. 517 / 519

Os proprietários, colegas de Tomé, fizeram entre si algumas reflexões a respeito da finura deste, convencidos de que ele desde muito visara a este resultado, e profetizando-lhe um baronato futuro. Mas nem o retraimento da nobreza, nem as murmurações dos lavradores perturbaram a alegria das núpcias.

D. Luís recebia ainda uma impressão desagradável ao ver tão perto de si Tomé e a boa Luísa; procurava, porém, minorar este desgosto contemplando Berta, que exercia sobre ele uma completa fascinação. Insistia sobretudo o fidalgo em que Berta era uma rapariga de excepção, e que se davam nela as qualidades que valeram em outros tempos a tantos plebeus a honra de serem agremiados no seio da nobreza.

Frei Januário, vendo bem provida a despensa e a cozinha da Casa Mourisca, julgou dever transigir com a nova ordem de coisas e instalou-se de novo no seu quarto, decidido a respeitar, conforme com os modernos princípios da diplomacia, os factos consumados.

E anos de paz preparavam-se para aquela casa.

Maurício seguiu diferente destino, em harmonia com as suas aspirações e instintos.

Não se sentindo com tendências para agricultor, vendeu a Jorge a parte dos bens rurais que lhe pertencia e voltou para Lisboa com a mulher.

Decorrido pouco tempo encetava a sua carreira diplomática, como adido à embaixada de Viena, e sob os melhores auspícios do futuro progresso.

Gabriela não teve de arrepender-se do seu casamento. Se Maurício não era um modelo de maridos fiéis, ela tinha a precisa filosofia para desculpar-lhe as leviandades, e Maurício inteligência para apreciar a generosidade e delicadeza da sua mulher, e adorá-la por isso e apesar de tudo.

A vida agitada e as sucessivas comoções das capitais a ambos agradavam; por isso ambos eram felizes.





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