Ilíada - Cap. 21: Capítulo 21 Pág. 106 / 178

Ainda soluçando, Pátroclo respondeu:

— Aquiles, não te aborreças com o meu pesar, pois é grande a desgraça que desaba sobre os gregos! Os mais valentes e fortes jazem ou mortos ou feridos. Diomedes, Ulisses e o próprio Agamémnon foram atingidos e estão fora de combate. Só tu não te importas com coisa alguma, ó homem implacável! Não, não podes ser o filho de Tétis e de Peleu. Foste gerado sem dúvida, por algum rochedo escarpado e é por isso que és assim ao duro e inflexível! No entanto, se foi por acaso a tua mãe que te proibiu que entrasses no combate, para evitar o cumprimento de um qualquer oráculo permite então que eu me apresente, revestido da tua bela armadura, à frente dos nossos guerreiros. Eles estão bem descansados e seríamos um reforço precioso para os esgotados gregos.

Aquiles, que ouvira as palavras de Pátroclo em silêncio, respondeu-lhe indignado:

— Que disseste, Pátroclo? Sabes bem que não é nenhum oráculo que me impede de entrar na luta, mas sim o meu ressentimento contra Agamémnon. Ultrajou-me, roubando-me a recompensa que de direito m pertencia, pois conquistei-a com a força do meu braço. Mas isso são água passadas. É verdade que jurei não voltar a combater a não ser quando os todos navios fossem assaltados. Mas, desta vez, transigirei um pouco, já que tanto me pedes. Vai, serve-te da minha armadura e das minhas armas. Conduz os valentes mirmidões ao combate e à glória, mas cumpre as minhas instruções à risca. Uma vez afastados os troianos dos navios, trata de regressa Não te deixes levar pelo entusiasmo da guerra, ainda que te pareça que poderias alcançar maiores triunfos. Júpiter divino não quer que os bravo troianos sejam vencidos senão por mim. Não te aproximes das muralha de Tróia, pois os deuses protegem-nas, e um deles, especialmente o arqueiro Apolo, poderia cair sobre ti e roubar-te a vida.

Tal era a conversa de Aquiles e Pátroclo na tenda do bravo filho de Peleo.





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