— Não vos esqueças agora, mirmidões, das ameaças feitas aos troianos e das palavras arrogantes que por aí andáveis a espalhar. Cada um de vós se atrevia a censurar-me a minha obstinação em não querer entrar na luta. Dizíeis então que preferíeis voltar a Ftia a ficar por aí inertes. Chegou o momento, pois, de mostrardes a vossa coragem e força de ânimo.
Assim incitava os mirmidões, que já estavam ansiosos por entrar em combate, insuflando-lhes furor e coragem. Obedecendo à voz de coma n do, os guerreiros formaram em fileiras cerradas, escudo unido a escude capacete tocando no capacete vizinho. E, como se de um só homem s tratasse, avançaram atrás de Pátroclo e Automedonte.
Quando o exército partiu, Aquiles entrou na sua barraca e abriu um belíssimo cofre, que a mãe lhe tinha dado, e do seu interior retirou uma taça magnífica, também presente de Tétis. Ninguém podia beber naquela taça a não ser Aquiles, nem ele fazia libações com ela a outro deus que na fosse o plenipotente Júpiter. Depois de fechar o cofre, o herói purifico a taça com enxofre, lavou-a com água límpida e encheu-a de vinho. Ente de pé no meio da tenda, derramou algumas gotas no chão e, elevando pensamento ao céu, dirigiu-se ao deus olímpico com estas palavras:
— Ó Júpiter, rei de todo o Olimpo! Acabo de enviar para o combati o meu amigo Pátroclo, chefiando numerosos mirmidões. Dai-lhe a vitória por companheira. Fazei-o valoroso e forte e que possa ele regressar são e salvo com todas as suas armas e seus companheiros.
Assim implorou Aquiles, e Júpiter escutava a sua prece. Em parte cedeu-lhe o que pedia, em parte negou-lho. Terminadas as libações, o herói repôs a taça no cofre e dirigiu-se depois para a porta da barraca, onde deixou ficar, presenciando a luta entre os troianos e os gregos.
Antes de entrar em combate, Pátroclo exortou os companheiros com este arrazoado:
— Mirmidões, bravos companheiros de Aquiles! Combatei com denodo parra honrarmos o filho de Peleu, o melhor de todos os helenos! Investi com toda a vossa coragem, para mostrarmos ao átrida Agamémnon a sua enorme cegueira, ele que ultrajou o mais valente de todos os guerreiros!